O nó de Oito é sem margem para dúvida, um dos nós mais utilizados em ambiente de montanha. Apesar de não ser considerado um dos três nós essenciais (Lais de Guia, Estático e Escota), é um clássico na escalada e montanhismo, sendo para muitos o nó de encordoamento por excelência. Com as referências ABoK #420 #520 #570, aparece mencionado pela primeira vez como figure-of-eight na obra Key to Rigging (London, 1808).

Este nó é a base de muitas versões (ver imagens deste artigo), tendo servido ainda de inspiração para outros nós que usam o mesmo princípio como é o caso do nó Stein (Stone Simples). Por este motivo, podemos vê-lo aplicado nas mais diversas situações, desde os desportos de montanha, náutica, trabalhos com cordas e resgate.

Podes aprender como fazer a versão simples deste nó aqui.

Nó de Sete
Nó de Oito
Direccionado
Nó Stein Nó de Oito
pelo Seio
Nó de Oito
Encordoamento
Nó de Oito pelo Seio Nó de Oito Encordoamento Nó de Sete Nó Stein Nó de Oito Direccionado

Características

Muito versátil, seguro e eficiente, quando executado de forma correcta, um cuidado que diz respeito aliás, à execução de qualquer nó. Retira pouca resistência à corda, cerca de 30%, e tem a particularidade de poder ser executado de diferentes formas consoante a versão do mesmo. Pela sua polivalência é um nó que pode ser usado nos mais variados contextos.

É um nó simples de aprender (há versões que requerem mais algum empenho), de fazer, e relativamente fácil de desfazer depois de ter estado em carga. Pelo seu formato característico, é também fácil de inspeccionar.

Nó de Oito
Corrediço
Nó de Oito para
União de Cordas
Nó de Oito
Costurado
Nó de Oito Corrediço Nó de Oito União de Cordas Costurado Nó de Oito União de Cordas

Aplicações

Pela grande variedade que existe deste nó, é fácil deduzir que onde quer que hajam manobras de cordas, o nó de Oito é uma possibilidade a considerar. Em desportos de montanha, o contexto mais relevante na Rokomondo Academy, existem utilizações deste nó que considero mais importantes, sendo essas descritas nos parágrafos abaixo.

Encordoamento – Do ponto de vista do escalador, esta é possivelmente a utilização mais frequente que damos a este nó. Testado, comprovado e utilizado em todo o lado, é a forma mais eficaz de unir o escalador (arnês) à corda. É frequente rematarmos o chicote do nó de Oito com o nó de Pescador, mas neste contexto este procedimento não acrescenta mais segurança ao nó.

União de Cordas – A versão “costurada” para união de cordas (Flemish Bend) é, a par do nó EDK e do nó Duplo de Pescador, uma das melhores formas de unir cordas para o rapel (dos três continuo a defender o EDK como a melhor opção). No entanto, a necessidade de unir cordas não se prende apenas com a manobra do rapel, sendo que para outras situações o nó de Oito é uma excelente escolha. É aconselhado que nestes casos o nó seja fechado com o nó Duplo de Pescador nos dois chicotes. As cordas devem ser de diâmetro semelhante.
NOTA: Para o rapel nunca devemos usar o nó de Oito com os dois lados da corda a correrem paralelos na mesma direcção. Deve ser usada a versão “costurada” com os dois lados paralelos mas a correrem em direcções opostas (ver imagens acima).

Ponto de Ancoragem – Por vezes é necessário criar um ponto de ancoragem tanto numa das pontas da corda como a meio da mesma. Nessas situações podemos optar pelas versões pelo Seio, nó de Sete, Direccionado (também chamado de Nó Romano), ou costurado para união de cordas com ponto de ancoragem.
NOTA: O nó de Sete e o nó de Oito Direccionado funcionam apenas no sentido em que o anel está posicionado, ainda que em ambos os casos os nós possam ser feitos de forma a ter o anel tanto para cima como para baixo.

Ancoragens – Existem ancoragens que podem ser realizadas recorrendo apenas ao nó de Oito ou combinando este com outros nós. É uma forma de gerir equipamento e de responder a necessidades específicas. O nó de Oito de Orelhas, com ou sem anel central, é uma das opções para unir dois pontos de ancoragem sendo que existem soluções para três pontos de ancoragem (ver imagens abaixo). Este é também o nó que utilizo para o travão de um slide mas isso é outra história…

Nó de Oito
União de Cordas
com Loop
Nó de Oito
de Orelhas
Nó de Oito
com Três Pontos
de Ancoragem
Nó de Oito União de Cordas com Loop Nó de Oito Triplo Nó de Oito de Orelhas

Ancoragem de
Dois Pontos

Ancoragem de Dois Pontos
Ancoragem de Três Pontos

Ancoragem de
Três Pontos

Alternativas

Apesar da variedade e polivalência do nó de Oito, existem alternativas que devem ser consideradas consoante a utilização em causa. Exemplo disso é o nó de Nove que para grandes cargas é uma melhor opção, pois retira ainda menos resistência à corda e é mais fácil de desfazer depois de ter sido tensionado. Para encordoamento o Lais de Guia é também uma escolha válida embora este requeira mais alguns cuidados. Tanto em montanha como em trabalhos por corda há situações em que o nó de Borboleta apresenta vantagens como é o caso de poder ser traccionado em diferentes direcções.

Nó de Oito Simples

Nó de Oito

Conclusão

O nó de Oito é um dos nós que considero que todos devíamos aprender. É verdade que para a tua realidade não precisas de saber todos aqueles que partilho neste artigo. Mesmo porque, mais importante do que saberes muitos nós, é fazeres na perfeição aqueles que normalmente utilizas. No entanto, teres conhecimento sobre vários nós é uma mais valia para situações inesperadas.

Todos os nós devem ser ajustados depois de realizados e verificados em relação à sua perfeita execução. Não te esqueças, qualquer nó vai retirar resistência à corda pelo que estes detalhes são muito importantes.

Se tens dúvidas sobre nós, equipamentos ou alguma técnica, podes deixar um comentário na secção abaixo, ou enviar um e-mail para academy [at] rokomondo.com.

Boas aventuras!

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Autor: Pedro Soares

As montanhas foram desde cedo um refúgio para o Pedro, sendo regularmente mencionadas por ele como a sua casa. Pratica escalada, montanhismo e canyoning numa procura constante de novos desafios. É com a escalada clássica/alpina que mais se identifica. O seu profundo e contínuo desejo de aprender, aliado à sua paixão por ensinar, são duas das características que mais o distinguem. Concilia o seu trabalho de guia e formador, com a fotografia e o design.

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