O nó Stone (mais correctamente chamado Stein) é possivelmente a melhor alternativa ao nó Estático para montar um sistema de rapel simples-estático (na versão simples). A sua simplicidade e eficiência são características que o destacam de outras soluções, tornado-o um favorito para muitos praticantes de canyoning. Teve a sua origem na Europa, mas foi também adoptado de forma generalizada nos Estados Unidos.

Na fotografia de capa aparece o nó Stone simples (por ser o que utilizo com mais frequência), no entanto, convém referir que o verdadeiro nó Stone/Stein é baseado no nó de oito. Ver imagem abaixo e ler a secção – Uma Origem Nobre.

Podes aprender mais sobre o sistema de rapel com nó Stone simples aqui.

Nó Stone (Stein)

Nó STEIN
(original)

Uma Origem Nobre

O nó Stone/Stein tem a sua criação atribuída a Rudl Steinlechner, um alpinista austríaco que dedicou toda a sua vida ao alpinismo, tendo formado/treinado mais de 500 guias alpinos. O nó original é baseado no nó de oito e continua ainda hoje a ser o preferido de muitos. Com o passar do tempo, surgiram variações inspiradas neste nó que usam o princípio do Marlinspike Hitch ABoK No. 2030. Destas, o nó Stone simples é o mais usado, especialmente quando precisamos de converter um sistema de rapel dinâmico (alongável) como o MMO para o LAPAR (LAst Person At Risk), ou seja, o último praticante a fazer o rapel.

Características

O nó Stone/Stein é um nó de bloqueio (batente na versão simples) que permite isolar ambos os lados da corda de forma independente. Nas versões original e duplo, é possível usar cada lado da corda tanto em simultâneo como de forma alternada por dois praticantes. No caso de se usarem ambos os lados da corda apenas por um praticante, o sistema montado passa a ser classificado como um sistema duplo-estático. Em inglês este nó faz parte da categoria Hitch.

Das vantagens que este nó apresenta destaco que é extremamente simples de aprender, de fazer e desfazer (mesmo depois de ter estado em carga), de inspeccionar e possivelmente a mais importante de todas quando executado correctamente, bastante seguro. Para executarmos este nó é apenas necessário um mosquetão, de preferência HMS, ou um fiddlestick (uma técnica considerada avançada, a abordar noutra altura).

Existem várias situações nas quais a escolha do nó Stone/Stein pode ser a mais indicada. Destas destaco: montar um rapel num ambiente de baixo risco; montar uma corda para dar apoio a um destrepe mais técnico e/ou exposto; gerir um grupo grande permitindo que dois praticantes possam descer de forma alternada ou em simultâneo; usar um dos lados da corda para descer um praticante enquanto outro praticante faz rapel; montar uma corda fixa numa situação onde é necessário ascender na mesma; aumentar a segurança numa situação de roçamento de corda pois é possível descer em duplo.

Alternativas

Existem várias alternativas ao nó Stone/Stein, ainda que considere que este apresente mais vantagens tanto na versão simples como numa das versões duplas. Das opções mais relevantes, destaco o já mencionado nó Estático e o nó de Oito Batente com mosquetão para sistemas simples-estáticos, e o nó Borboleta Alpina como opção para montar um sistema gémeo-isolado-estático.

Conclusão

Dadas as características do nó Stone, este devia, sem dúvida alguma, fazer parte do arsenal de técnicas de qualquer praticante de canyoning. A sua polivalência, sendo possível montar tanto um sistema de rapel simples-estático com a versão simples, como um sistema de rapel gémeo-isolado-estático com as versões original e duplo, são motivos mais do que suficientes para o adoptarmos.

NOTA: Defendo o uso de sistemas de rapel dinâmicos (alongáveis), sejam eles simples ou não. No entanto, existem vários cenários em que um sistema simples-estático ou gémeo-isolado-estático apresenta grandes vantagens. Nessas situações venha daí o nó Stone. Compete a cada um, consoante o seu conhecimento e as particularidades de cada situação, fazer a escolha do sistema de rapel mais adequado.

Boas aventuras!

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About the Author: Pedro Soares
As montanhas foram desde cedo um refúgio para o Pedro, sendo regularmente mencionadas por ele como a sua casa. Pratica escalada, montanhismo e canyoning há mais de 25 anos, numa procura constante de novos desafios. É com a escalada clássica/alpina que mais se identifica. O seu profundo e contínuo desejo de aprender, aliado à sua paixão por ensinar, são duas das características que mais o distinguem. Concilia o seu trabalho de fotógrafo e designer com o de guia e formador.

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