Módulo 1.0
Canyoning
O canyoning na forma como o vemos hoje, é relativamente recente em comparação com a escalada e o montanhismo. Nos últimos anos tem registado um grande crescimento em termos de praticantes, e é uma das modalidades de desporto de natureza que mais tem evoluído em termos de técnicas e materiais. Como qualquer actividade de montanha, o canyoning é influenciado pelo meio envolvente, sendo que neste caso temos ainda a considerar o elemento aquático que condiciona e muito a sua prática.
O módulo 1 aborda as bases essenciais do canyoning para desfrutares desta actividade em segurança. No entanto, como no Módulo da Escalada, no Módulo do Montanhismo e no Módulo de Via Ferrata a informação que aqui partilhamos, não deve ser considerada suficiente para te considerares autónomo. Aconselhamos sempre que nas tuas actividades de montanha sejas acompanhado/a por um guia, ou que faças formação na Rokomondo ou noutra entidade formadora.
“IT’S ALWAYS FURTHER THAN IT LOOKS. IT’S ALWAYS TALLER THAN IT LOOKS. AND IT’S ALWAYS HARDER THAN IT LOOKS.”
— REINHOLD MESSNER
Equipamento
Devido ao ambiente particular no qual o canyoning é praticado, é necessário a utilização de equipamento específico para garantir a nossa segurança e a eficiência com que nos movimentamos ao longo do percurso. Convém referir que uma parte significativa deste equipamento foi herdado e adaptado de outros desportos, nomeadamente da escalada e da espeleologia.
Sobre que equipamento usar, devemos considerar que pelas particularidades individuais de cada canyoning, bem como pelas condições meteorológicas, clima local e época do ano, o equipamento necessário pode variar significativamente tanto entre canyonings, como no mesmo canyoning mas em diferentes condições/épocas.
Por norma, o equipamento de canyoning divide-se em duas categorias, podendo ser estas divididas em duas sub-categorias. A primeira diz respeito ao equipamento de protecção individual (EPI), ou seja, o equipamento individual de cada praticante, podendo ser este de segurança e de não segurança. A segunda categoria refere-se ao equipamento de protecção colectiva (EPC), de segurança e de não segurança, que incluem os equipamentos utilizados por todos.
NOTA: Todo o equipamento deve ser bem cuidado e sujeito a uma inspecção periódica de forma a garantir o seu correcto funcionamento e por conseguinte, a nossa própria segurança. Devemos também ter em atenção que a vida útil do equipamento é relativa, especialmente se estes estão sujeitos a uso intenso, ou sofreram danos como numa queda. Devemos sempre seguir as instruções do fabricante.
Técnicas de Progressão
A forma como nos movemos numa descida de canyoning, designada por Técnicas de Progressão, pode ser dividida em três categorias: progressão sem corda, progressão com corda e progressão em águas bravas, que neste caso pode ser inclusiva às duas categorias anteriores.
Sermos capazes de interpretar um percurso de canyoning e garantir uma progressão eficiente, requer planeamento, experiência, habilidades motoras e estratégias de forma a garantir a nossa segurança e o sucesso da descida. Dominar diferentes Técnicas de Progressão permite também uma melhor gestão de risco e capacidade de adaptação a diferentes cenários.
NOTA: As Técnicas de Progressão são por si só um tópico muito vasto e que acabam por incluir outros temas que pela sua complexidade foram abordadas noutras secções.
Sistemas de Rapel
Os Sistemas de Rapel fazem parte das Técnicas de Progressão e incluem o rapel, rapel guiado, corrimão, slide e tirolesa. Neste secção iremos abordar exclusivamente os sistemas para montar um rapel assim como diferentes métodos de descida, pois pela sua importância e pelo impacto que têm na nossa segurança, merecem uma atenção e cuidados especiais.
Os sistemas de rapel podem ser agrupados em diferentes categorias, sendo que essas categorias são classificadas através de 4 parâmetros, os quais vão ser determinantes para escolher qual o melhor sistema a utilizar perante uma determinada situação.
CATEGORIAS DE SISTEMAS DE RAPEL
- Simples-Estático
- Simples-Dinâmico
- Gémeo-Isolado-Estático
- Gémeo-Isolado-Dinâmico
- Gémeo-Composto-Estático
- Gémeo-Composto-Dinâmico
- Duplo-Estático
- Duplo-Dinâmico
- Dobrado-Estático
- Dobrado-Dinâmico
Obs: Nem todos os sistemas de rapel são recuperáveis pelo que devem ser convertidos pelo último praticante – LAPAR – a descer, de preferência quem inicialmente montou o sistema, o chamado “Anchor Manager”.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE RAPEL
- Simplicidade de execução
- Possibilidade de resgate – RFR (Rig for Rescue)
- Eficiência de descida
- Gestão de roçamentos
NOTA: Devido à grande variedade que existe de sistemas de rapel, decidimos partilhar aqui em detalhe apenas aqueles que são mais simples, eficientes e que cobrem a maior parte das situações que podemos encontrar num canyoning. No entanto, seja qual for o sistema que utilizemos, é fundamental o conhecimento e domínio completo do mesmo.
Métodos de Descida
Os métodos de descida em rapel envolvem sempre um descensor, um nó ou um outro sistema que irá aplicar atrito na corda e desse forma permitir que o praticante efectue uma descida controlada. Na maioria das situações, é esse atrito que vai classificar o método ou modo de descida que estamos a efectuar.
No entanto, os métodos de descida em rapel, são também influenciados pelo descensor que usamos. Embora haja descensores específicos para canyoning que apresentam inúmeras vantagens, partilhamos aqui apenas soluções que utilizam o tradicional oito. A sua simplicidade, polivalência e custo reduzido, tornam-no num dos descensores mais utilizados em canyoning e um que faz parte da maioria das correntes de ensino.
NOTA: Independentemente do descensor que utilizamos, devemos aplicar sempre os mesmos princípios de segurança: estar auto-seguro ao ponto de ancoragem principal com a longe antes de colocarmos a corda no descensor; colocar de forma correcta e no método pretendido a corda de rapel no descensor; fechar o mosquetão de seguro; ajustar e verificar se o sistema está correcto; finalmente retirar a longe e iniciar a descida.
Podes ler mais sobre métodos de descida e bloqueio com o oito neste link.
NOTA: Os métodos de descida dependem e variam consoante o descensor que utilizamos.
Nós
Os nós são um dos temas que abordamos na Rokomondo Academy que é transversal a qualquer módulo, seja pela sua importância, seja pela sua aplicação generalizada em diferentes áreas. É um tema “simples” mas extenso e que muitas vezes falha pela falta da devida atenção que lhe deve ser dado. Diferentes formas de executá-los e diferentes nomes pelos quais são conhecidos, contribuem também para criar alguma confusão à volta de alguns nós.
No canyoning, o número de nós que devemos saber varia consoante o nível do praticante, podendo ser uma longa extensa para um guia. Aqui iremos abordar aqueles que consideramos serem essenciais. Fica no entanto com a indicação que deves dominar cada um deles ao ponto de os conseguires fazer e utilizar nas mais adversas situações.
NOTA: Todos os nós devem ser ajustados depois de realizados e duplamente verificados em relação à sua perfeita execução. Não te esqueças, qualquer nó vai retirar resistência à corda pelo que estes detalhes são muito importantes.